sábado, 6 de junho de 2009

'Amo os ratos, não desamo os gatos'

essa é a minha dura condição.


Amote no meu desamor.
E não sei o que é ser la belle de jour.
o domingo não é meu e a blusa é lilás não é azul.
que o universo se expanda e a negação do meu desamor se converta.
Ratos não me convencem mais.
um levanta poeira arrasta bandeira seria bienvenido.
profusão penitente total
meu estado de espírito gradeado na porta da geladeira.
e uma simples certeza que hoje sou eu que espera por ti.
louco amor, louco amor.
piegas, brega.
louco.
6/6/09 às 4:23

quarta-feira, 3 de junho de 2009

UMA DECLARAÇÃO DE AMOR PÓSTUMA: a minha mais ridícula e sincera

Uma declaração de amor póstuma, a minha mais rídicula e sincera.
Tão ridícula que você nunca irá se supor nela e tão sincera que o excesso de crueza e a vontade de gritar minha lucidez auto -corrosiva percorrerá em segundos toda essa retórica sem que você a alcance.
Saramago me faça justiça , porque minha cegueira foi branca como leite e a consumição produtiva encostada sem eco no canto de um coração que só pedia pra bater, me fez egoísta, pobre e frouxa.
Eu narradora passional pateticamente enfeitava com badulaques e exageros meus sofríveis protagonistas planos e óbvios que morriam no fim da trama sem um suspiro glorioso.
Tudo mentira, tudo falso.Tive tempo de sobra para perceber isso e não, não percebi.
Enquanto remendava fantoches você ali, polimórfico, louco, poeta,introspectivo, solitário,lindo, lindo, lindo, fantástico, me inquiria com olhos argutos.
Você me acenando pelas calçadas boêmio em noites prósperas de boa prosa e história fértil.
Você que certamente acompanharia com conhecimento de causa meu descompasso, meu devaneio.
Você, o próprio devaneio bem talhado ao som de criativa nota musical me oferecendo a melhor breja do melhor boteco aconchegante de Taguatinga.
E eu a fazer remendos tolos e pregar no deserto de água e óleo em noites de solidão oca.
Certamente que se Deus fosse injusto tu brotaria agora na minha frente para aquela caminhada despretensiosa pelas ruas da nossa cidade, ou aquele teatro ou ainda o cinema das entradas que eu ainda tenho e dos telefonemas que eu não dei por pura falta de safanão bem dado.
Brotaria de meia e chinelos e me pegaria pela mão me libertando para soltar a gargalhada que corta a garganta e sangra as cordas impondo silêncio.
A lucidez veio com o último chiclete da caixinha em noite de amante errante.mais um.
Ela convulsionou meu ser em movimento de epifania perante a simples declaração: ele não é mais andarilho solitário.
A engrenagem do tempo enrodilhada e a complexa teia das relações humanas pregou a peça mais bem arquitetada.
No meu monólogo mental ainda vejo o menino de laranja no ICC que passou despercebido com meu consentimento
Estou apaixonada pelas probabilidades que eu amassei antes de ler.
A imparcialidade involuntária das convenções doem como nunca, é a moral da fábula da formiga e da cigarra.


Eu fui a cigarra.






Te amo em cada linha póstuma que escrevi.
Fantástico, imperfeito e surpreendente.
meu pé tá gelado preciso de meias e chinelos.


4/6/09 às 03:15 a.m.