segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Sobre cérebro, carne, saia e distância


“Era linda. A beleza lhe roçava a pele como mulher a quem não a quer, ela não a queria, mas no descuido com a postura e na perna mal cruzada a beleza calada lhe invejava a alma, e as palavras. Poderia ser só bela, uma embalagem vazia que venderia a bíblia ao demônio, mas era dela o livro que ofertava, e lê-lo me faz querer escrever... Enxugando a baba do queixo eu escrevo pra tentar entender uma das mais estranhas paixões que nela vivem: a distância.
 O amor que ela me dedica se mede em metros, em quilômetros, talvez tenha gostado de mim por morar em Brasília, e eu em Taguatinga, talvez pela falta de amigos em comum, ou pela falta de lugares comuns... Ela é dos lugares. Provavelmente pela distância que eles causam às pessoas.
Nos encontramos algumas vezes, nos desencontramos em dobro, e dos desencontros ela fazia a poesia que me enfurecia a carne e eu queria arrancar-lhe o cérebro e a saia (talvez o cérebro saísse mais fácil), mas disso eu sempre desistia no outro dia.
Marcamos certa vez num bar de esquina, cheguei na hora, saí tarde e sozinho. Tantas cervejas quanto ligações não atendidas. Escrevi alguma coisa no guardanapo do que depois fiz uma música que ela nunca ouviu, e o pior era saber que no outro dia viria um verso e uma justificativa pela ausência, justificativa essa propositalmente mal composta, pois quem escreve tão bem teria ideias melhores que aquelas pra me acalmar...
O problema é que eram sempre tão fortes, profundos e bregas os seus versos que eu me via por cima naquela situação, por amá-la menos.
 Eu jamais devolveria com sinceridade o que ela me escrevia, assim talvez como ela não atenderia com sinceridade àquelas ligações... e esse é o tipo de simetria que exploramos pra nos manter ligados. Hoje ela mora bem mais longe, e suas mensagens andam mais e mais apaixonadas... é daquela paixão que não acontece, como no livro que ela gosta e no qual se baseava pra me impor uns diálogos estranhos... do livro ela já se chamou Diadorim, nome de nebulosidade condizente à sua, livro de emaranhado condizente ao seu.
E se naquele dia do bar ela estivesse do outro lado da rua, incógnita, me observando? Se ela tivesse chegado lá e visto meu sobre-cu pra fora da calça, dando meia volta, assustada? E se ela estava lá como ela diz que eu estou com ela às vezes em lugares que nunca fui? Esse é mais um de seus surtos. Do nada recebo uma mensagem: "obrigada pela companhia ontem", num milésimo de segundo refaço meus passos do dia anterior e nada, me passa pela cabeça se fiz coisas e não lembro mas eu lembro, "não usei nada demais ontem", penso. Pensamentos em vão.
Ela está várias centenas de quilômetros de mim e não pude ter estado lá, mas estive sim, e talvez tenha falado menos bobagem que o dia ea fisicamente a fiz companhia, e não lembro nada além do segundo copo, que pra mim já era o centésimo... me contaram que a coisa não foi boa.
Ela, a distância. Será que aquela moça que conheci numa aula de teatro não poderia ser somente linda? Linda e burra de preferência? Por que não só mais um nome no cardápio da agenda? Não. Parágrafos e eu ainda não entendi nada.
Ela ou a distância? A distância me dá suas palavras e fotos, e há pouco no mundo de tão valioso... Mas então que fosse feia cacete! Onde já se viu? Bons escritores são feios... Tivesse pêlos no nariz, voz de pata, fosse banguela... Adoraria gostar de textos tão bons de alguém que está bem longe e fede. Mas ela não fede, e como escreve bem... Tem seu quê de pessoa que estuda e trabalha com leis e é formada em Letras: palavras difíceis, conjugações engraçadas... Ou talvez seja preconceito meu por tê-la  conhecido em Brasília, e automaticamente ter lhe dado esse... essa coisinha brega que brasiliense tem. Não. É meio brega às vezes. Sim! Um defeito pra mim! A fundo.”
Grambó, 14 de agosto de 2009.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

AQUELES OLHOS


Aysha Santiago , 26 de novembro de 2017.

 Aqueles olhos dela me tragavam.Éramos só eu e aquelas íris profundas convidando para uma viagem sem volta.
 Nunca me foi concedido o benefício da dúvida e tenho a impressão que mesmo que fosse, não adiantaria, pois só poderia obedecer ao comando magnético daqueles olhos que me tragavam aos poucos, pulsando como se tivessem vida própria.
  Lembro ainda do seu cheiro, da sua voz convidativa capaz de me convencer a pular de um abismo em direção ao mar só pelo prazer da sua companhia, mas nada me marcou mais que seu olhar.
  As curvas nada lineares que ela exibia como bandeira de salvação do meu suplício eu volta e meia ainda posso sentir, mas aqueles olhos dissimulados....aqueles olhos...
  Não posso dizer que fomos apaixonados, depois de uma certa idade o coração tem prazo de validade, bate com mais cautela por medo de despertar velhos fantasmas.
  Ela nunca me comentou sobre o passado mesmo quando eu lhe revelava algo sobre o meu, ao que ela ouvia com atenção mas logo achava um jeito de soltar o cabelo e me segurar pela mão me levando de volta ao seu mundo com uma gargalhada que ainda posso ouvir.Parecia que queria me livrar das recordações que me traziam tristeza.Então me entregava ao seu universo e poucas coisas nos últimos tempos me distraíam tanto.
  Creio que pelo simples fato de não saber se a veria de novo e também pela leveza que era revê-la, aquilo se transformou em um hábito.
   Ela nunca me cobrava presença, ou fidelidade ou todas essas baboseiras doentias.Eu simplesmente a encontrava quando podia e ela estava lá sempre plena com aquele sorriso estonteante e aqueles olhos...
   Nossas conversas variavam de temas sobre a situação caótica do país, o preço do café( pois era uma paixão que tínhamos em comum) e depois, com aquele olhar sapeca me convidava para um pecado que me livrava da morte diária.
   Eu não sei de onde ela tirava tanta imaginação, nunca perguntei como uma moça tão cheia de assunto sabia transitar de uma conversa séria a revelações provocantes. Era irresistível.
   Fiquei um tempo sem vê-la, pois estava sem dinheiro até para pagar uma cerveja e mesmo que ela pudesse bancar a conta do bar, eu me sentia atingido na minha dignidade de macho.
   Um dia fui surpreendido por sua ligação, me chamando pra vê-la, estava com saudades e com tesão.Tinha tido um dia cansativo revisando uns textos e o convite me pareceu perfeito. Fui e, talvez pelas semanas sem encontrá-la, ela me pareceu mais linda: um vestido vermelho que combinava com a cor do seu batom e da sua aura. Me recebeu com um abraço caloroso e uma gargalhada: “ pensei que ia sumir de mim, porra, até fiquei com saudades.” Disse com aquela leveza peculiar, me senti importante e feliz pela presença dela.
   Ela começou contando como foi o dia, que não via a hora de protocolar as últimas petições e que procurava companhia para viajar no feriado...olhou pra mim e disse: “vamos?” Eu sem graça respondi que estava com umas revisões para entregar que infelizmente não poderia ir.
   Ela visivelmente desapontada ainda insistiu um pouco com aquele seu jeito brincalhão, mas eu, por pura idiotice machista de não suportar a ideia dela bancar a viagem, disse que não poderia ir.
  Mudamos de assunto passamos a programar uma ida ao teatro que eu fazia questão de convidá-la, fomos para casa, ela comprou umas bebidas, nos beijamos em meio a risadas,eu até havia me esquecido do tanto que me agradava sua boca misturada com o gosto doce da bebida.
  Nesse dia passei mais tempo hipnotizado por aqueles olhos e beijando-a como que para compensar os dias sem vê-la. Não tive medo, nem receio, coisa que há muito tempo não sentia.
  Pela primeira vez ela me pediu pra ficar até o outro dia, mas eu disse que tinha que ir, aquilo de não ter dinheiro me deixou baqueado.
  Fui para casa resolvido a não mais encontrá-la até ter me estabilizado e assim o fiz. Desapareci. Ela também não me procurou mais, soube que foi fazer mestrado no Uruguai. Eu continuo a fazer freela, ora tenho dinheiro ora não. Às vezes me dá uma vontade louca de procurá-la mas minha virilidade não deixa... Até que hoje,acordei assustado, sonhei com aqueles olhos me tragando....


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

“Saia, dessa vida de migalhas, desses homens que te tratam como um vento que passou..” Breves reflexões sobre a origem da solidão feminina.

Ilustração : Diego Xavier
Esses últimos tempos, andei me perguntando se minha solidão afetiva provinha da inconstância dos homens com os quais mantive algum contato, e por que esse fator me afetava, ainda que eu sequer os conhecesse pessoalmente. Não podia negar que de certa forma, essas relações me causavam dependência psicológica, sobretudo porque se desfaziam com a mesma rapidez com que foram criadas e eu me sentia impotente diante do efeito dessas rupturas sobre mim. Não sabia responder por que num dia havia uma interação prazerosa e no outro, esse “vínculo” desaparecia, assim como a projeção que havia feito daquela suposta interação. Me indagava sobre em qual parte da história as coisas começaram a não dar certo e por que isso ocorria.
Inicialmente, atribuí tal dependência a uma “fraqueza” que talvez fosse só minha, e com a qual eu teria que aprender a lidar. Mas, percebi que não, notei que várias amigas (senão todas), sentem a mesma insegurança nos seus relacionamentos, como se fossem impotentes para ditar as rédeas de suas vontades. A maioria teve relações conjugais conturbadas ou está sozinha pois se sente fragilizada toda vez que tenta criar vínculos com alguém. Quase todas possuem consciência crítica sobre a necessidade que temos de buscar a plenitude numa sociedade marcada por práticas machistas, são independentes, com ideias próprias, interessantíssimas e com as quais, eu (se fosse eles) tranquilamente manteria vínculos conjugais quaisquer que fossem. Então, por que, mesmo com esses atributos, continuamos tendo a sensação que estamos à mercê das vontades dos homens? Seria uma fraqueza nossa?
 Essa constatação me afetou, pois, apesar de ter opiniões muito claras sobre como quero conduzir minha humanidade, descobri que a caminhada em busca da emancipação da mulher enquanto ser encontra entraves reais que nos levam a graves dependências emocionais. Tais dependências não são fruto de uma fraqueza, ou incapacidade, percebi que estamos envolvidas numa engrenagem muito mais complexa do que noções introspectivas sobre esse ou aquele relacionamento que não deu certo.
De repente, me veio à memória aquela letra do Cazuza “saía, dessa vida de migalhas, desses homens que te tratam como um vento que passou..” Por que, sempre que nos envolvemos temos a impressão que estamos de coração aberto (mesmo que lutemos contra isso) e os homens não? Quando contrariadas, tentamos nos impor, recuperar o orgulho e tocar o “foda-se” e funciona... por um tempo. Achamos que seremos maduras o bastante para não nos iludir por tão pouco até que.. aparece alguém que desestabiliza nossas emoções e voltamos ao ponto inicial do conflito.
Notei que estamos sempre na linha tênue e penosa entre reafirmar nossa sexualidade (sim, gostamos de sexo, falamos sobre sexo) ao mesmo tempo que não queremos ser tratadas como um objeto sexual, pois nossa intelectualidade também entra nesse jogo de poder. Mas como querer mais e não encontrar espaço para desenvolver essa busca de humanidade dentro da sociedade?
 Até que entendi que grande parte da nossa dependência emocional é reflexo do patriarcado, que no ensina a querer as “migalhas” que nos são oferecidas, nos tornando mulheres inseguras e competitivas entre nós mesmas.
Somos treinadas para ter uma vida que não escolhemos conscientemente, sempre preocupadas em conquistar nosso “macho”, para casar, procriar, nos amontoando umas por cima das outras, disputando entre nós.
O sistema nos traz insegurança de saber que há outras “fêmeas” querendo procriar e ter uma família monogâmica para se estabilizar e que precisamos correr contra o tempo, pois temos “prazo de validade” no mercado.   Essa eterna prisão não nos faz dialogar de maneira plena com o que nos rodeia. Ele nos diz: “ela vai esperar, ela está ao seu dispor, você é a razão dessa engrenagem.”
Assim, nos damos conta que estamos disputando o “macho alfa” para que ele não escape de nós, o que vai ocorrer porque é dado ao homem esse direito de passear livremente como se estivesse num açougue, escolhendo a bel prazer quantas “carnes” quiser (os que possuem melhores atributos se dão melhor). Ao homem é dado o direito de ir e vir quando quiser e no fim, lhe é permitido e incentivado o direito de “possuir” uma esposa para cuidar da casa e dos filhos e, eventualmente, dispor de alguma aventura sexual fora do casamento. Mais uma vez, nos vemos à mercê desses arranjos machistas de relacionamentos.
Nesse jogo de poder, a cada mulher é destinado um papel diretamente ligado ao seu comportamento sexual ou à forma como encara sua humanidade. Já perceberam o tanto de estigma que nos rodeia, nos "marcando" como se fôssemos carne de segunda? Que não prestasse para uma relação duradoura?
Eu pensava que isso seria diferente em mulheres que atendessem aos padrões de beleza da sociedade, que elas nunca sofreriam com a solidão. Percebi que estava errada. Elas sofrem mais ainda porque sua beleza leva a serem mais objetificadas, como se a mulher não pudesse ser bonita e inteligente ao mesmo tempo.
 A sociedade majoritariamente conservadora não consegue conviver com a independência do sexo feminino...esse eco cerceia e cala de toda forma as mulheres que tomam as rédeas de sua vida tentando se libertar desse destino, e libertar a todas as outras.
 Daí vem parte da nossa solidão e insegurança, que é potencializada e muito diferente da masculina. A solidão como reflexo dos estigmas, e de papéis que, ao tentarmos subverter, nos leva muitas vezes a mais solidão ainda. Lembro-me bem do amargo dos depoimentos de prostitutas quando conversamos sobre seus relacionamentos. Prostitutas são o ápice do imaginário bem real entre supostas “santas” e “putas”.
Com tudo isso, percebi que, o conhecimento sobre essa engrenagem liberta e nos faz conviver dialeticamente com ela, pois ao mesmo tempo que vamos contra a corrente fazemos parte dela. Me encontro nessa fase, tentando me libertar, mas ao mesmo tempo sentindo o peso dessa carência provocada pelo patriarcado sobre minhas costas.
Não sabemos para onde ir quando percebemos que no fundo estamos à mercê das vontades dos homens. Como não sentir o peso dessa constatação? Como não sofrer com isso? Como não ser afetada por essa fragilidade construída por um sistema que nos secundariza em tudo?
Precisamos desconstruir o que é naturalizado, buscar mentes progressistas para que sejamos cúmplices nessa empreitada. Não aceitar o que nos é imposto e aceitar que a solidão é um processo de autoconhecimento, mas que ela deve vir acompanhada de um processo pedagógico que nos leve a mostrar para mais mulheres as origens dessa engrenagem sufocante. O conhecimento sobre a origem da nossa opressão nos empodera e nos liberta. Eu, por exemplo, me sinto menos solitária após compartilhar essas reflexões.


Isabela Aysha 2/2/16 às 19:50


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sobre o tempo e o mito




o tempo é melhor amigo quando você não sente ele passando, entre palavras e gestos os dias viram uma grande miscelânea de sombras que se misturam numa multidão que pulsa sem ritmo certo, te empurrando pra frente, e você caminha, caminha, caminha.Aos poucos percebe que um mesmo caminho nunca é refeito, há sempre ruelas e becos pelos quais se perde, se acha, se perde de novo. Afinal, se perder ou se achar é uma questão puramente filosófica, talvez esse tempo todo demos volta em torno de nós mesmos.
____________________________________

Você foi minha paixão ingênua e morna, que nunca deixou de ser mormaço, mas quando acabou eu senti, senti como uma criança que não me pede mais doce,senti que não era o menino que eu queria, era a adoração, as juras, as súplicas. Com você não fui mulher, fui uma musa, fui um mito.

Uma lenda tropical duma casa que ficará ali, fechada para sempre guardando uma musa e seu adorador de olhos profundos. Talvez a única coisa real seja isso, seu olhar de adoração, hipnotizado por mim, ou por algo de mim que nunca saberei. Seremos segredo encarceirados no tempo.


 22/01/13 1:05 a.m. Aysha Santiago

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ERA ESTRANHO

Era estranho.

     Haviam se conhecido no meio da praça, os dois estavam com pressa, mas houve tempo para um beijo. Ela não pôde conter a surpresa com aquele contato, a língua dele era sinuosa, não pediu licença para invadir sua boca  percorrendo tudo e deixando um rastro.
     Tiveram alguns encontros furtivos, resultado de ligações inesperadas no meio das tardes. As sensações a mantinham ali, num estado de letargia e prazer. As línguas se entendiam, parecia que elas tinham vida própria. Mas ela não se detinha nas feições da boca dele, ou dos olhos. Seu corpo só respondia às sensações que ele lhe trazia. Então, fechava  os olhos e participava daquele ritual prazeroso, sem perguntar por  nada.

      A maneira como ele mordiscava seus seios, e quanto mais ela gritava mais ele imprimia ânsia no ato, como se soubesse elevar o tom do grito dela. Ela, numa mistura de prazer e dor, ficava assustada pela surpresa daquela nova sensação.
      E a língua dele, ah aquela maldita língua não se cansava de inquirir cada parte do seu corpo e a sugava sem tomar fôlego, como se fosse engoli-la. Possuíam uma química incomum.
      Contudo, depois de cada encontro, curiosamente,  ela esquecia as feições dele. Por mais que procurasse na memória as linhas do seu rosto, não se lembrava, simplesmente não sabia que rosto tinha.
       Chegou então a supor nos seus devaneios que ele fosse um demônio enviado para tentá-la, para que o pecado parecesse algo que devesse pagar o preço para sentir. E era isso mesmo, ele era um demônio, porque um anjo não poderia ser,afinal tesão não podia ser algo divino. Talvez sua mente propositalmente a fizesse esquecer seu rosto para que guardasse somente as sensações dos encontros, porque sensações não têm donos, nem horário ou lugar marcado para acontecerem. Elas são absolutas e livres.
           Como explicar o mistério do menino sem rosto? Não poderia, chegou a duvidar que ele fosse de carne e osso, será que estava ficando louca?
Todos  os dias se perfumava e se vestia  como se fosse encontrá-lo. E tudo ocorria tão rapidamente que ela sequer conseguia fitar seus olhos para guardar alguma lembrança de seu rosto. Era um redemoinho, uma explosão de fluídos deliciosamente humanos. O que faziam era o verdadeiro sexo, hoje ela sabia, depois de tantos anos de amor mal cuspido, que a corroeu por dentro e por fora, dessa vez ela não tinha dúvidas, porque sequer se dava ao direito da pergunta. As sensações envolviam os dois como uma névoa estupidamente real, o que ela sentia não era amor, era TESÃO dos bons.

                                                                                                              Aysha Santiago 5/9/12, 00:46.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. (...) o coração tem mais quartos que uma pensão de putas." Florentino Ariza

sábado, 4 de agosto de 2012

A vida é doce depressa demais.




Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença
Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone não
Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença
Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone
Não posso, nem quero, deixar que me abandone não
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirenes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram tão depressa,
Tão depressa, tão depressa
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirenes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram depressa, depressa demais
A vida é doce, depressa demais.
A vida é doce, depressa demais.
A vida é doce, depressa demais.
E de repente o telefone toca e é você
Do outro lado me ligando, devolvendo minha insônia
Minhas bobagens, pra me lembrar que eu fui a coisa mais brega
Que pousou na tua sopa. Me perdoa daquela expressão pré-fabricada
De tédio, tão canastrona que nunca funcionou nem funciona
E de repente o telefone toca e é você
Do outro lado me ligando, devolvendo minha insônia
Minhas bobagens, pra me lembrar que eu fui a coisa mais brega
Que pousou na tua sopa. Me perdoa daquela expressão pré-fabricada
De tédio, tão canastrona que nunca funcionou nem funciona
Me perdoa,
Me perdoa, a vida é doce,
Me perdoa, me perdoa, me perdoa...
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirenes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram tão depressa,
Tão depressa,
São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirenes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram depressa, depressa de mais
A vida é doce, depressa demais...
A vida é doce, depressa demais...
A vida é doce, depressa demais...
A vida é doce, depressa demais...
Lobão