segunda-feira, 13 de setembro de 2010

QUASE 23



  O que é bonito,

É o que persegue o infinito mas eu não sou, não
eu não sou não...
Eu gosto é do inacabado, o imperfeito, o estragado que dançou,
o que dançou...

Eu quero mais erosão menos granito
Namorar o zero e o não e escrever tudo o que desprezo e desprezar tudo que acredito
Eu não quero a gravação, eu quero o grito

É que a gente vai e a gente vai e fica a obra, mas eu persigo o que falta
não o que sobra...
Eu quero tudo que dá e passa, quero tudo que se despe, se despede e despedaça
Eu quero tudo que dá e passa, quero tudo que se despe, se despede e despedaça....

O que é bonito....


Lenine.



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quase 23.
Há uns meses sem escrever,sendo obrigada a virar gente grande, tudo aos 23.
Com saudade sei lá de que,
Sem saudade sei lá de que,
Despedaçada a superfície,acho que o que tô sentindo é a carne nua exposta, esperando que moscas farejem a minha podridão.
Aos 23, a vontade de esgoto aumenta muito,
Começo a delinear a tendência ao revés, como um sinal característico da minha identidade.
O não urrando do útero pro coração, do coração pra garganta, e o que faz ele ser mais não ainda é que o grito continuará na morbidez, jazido embora mais vivo que qualquer sim que eu já tenha experimentado e que muitos de vocês também...
Tudo isso aos 23...
Sou mais incompleta do que quando menos sábia,e sempre o que atiça é o que rasga sem pudor e sem sentido, quase não há humanidade nisso...
A falta da palavra inspira a palavra e dá medo
muito medo....

quase aos 23.


14/09/10 às 00:07