quarta-feira, 11 de novembro de 2009
DESCORTINA
..Que canto há de cantar o que perdura?A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:O que tu pensas gozo é tão finito.
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
-----Hilda Hilst-----
Descortina pois o que eu desejo é luz e imaterial.
Descortina e perdura pois o que penso e sinto amor é muito mais.
Descortina e não define o que nasceu para não se limitar
Descortina e não toca porque a carne é perecível e eu quero a alma,amor, entrelaçada dos indescritíveis
Descortina o gozo infinito da palavra personificada
Descortina o sussuro do inconfessável
Descortina o deleite de amante etérea
Descortina a vertigem da presença inebriante
Descortina o profano.
Descortina o não.
Silencia o pecado.
Silencia, pois o gozo da palavra personificada é infinito.
Ardor de amante etérea.
Descortina e exorciza.
Descortina e transmuta.
Descortina e desmembra cada beco do sonho.
Suga-me na alma, arquejando sôfrega sem nunca ser tocada.
Amor inolvidável dos indescritíveis.
Descortina e perdura.
Descortina e seduz.
Aysha San 12/11/09 às 04:03 a.m.
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