terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COISA DE ALMA





Vou falar baixinho, me entregar ao sonho.
Contemplar essa coisa de viver.
Inolvida ao meu ouvido e clareia.
Coisa de alma.
Coisa tanta que não cabe.
Extrapola.
Se eu pudesse me alimentava dessa luz e seria azul.

16/12/09 às 01:37

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

nada herméticas



Nada herméticas.
Antes viris.
Despudoradas e despadronizadas,
Bacanas e Sacanas em seus seus amores, sempre pagos depois da data estipulada e por isso mesmo de valor desconhecido.
Surrupiam sussuros e no meio daquela história mal contada elas reinventam caminhos e sinalizam vontades por cima das verdades inacabadas.
Ai, daquele que conseguir acompanhar suas sinuosas invenções.
Insólitas sacanas essas personalíssimas.
Amam redemoinhos, que o status quo nunca as alcance.


8/12/09 às 02:02 a.m.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

há presente



Há presente.
Há braços.
Há fogo.
Há carne.
Há marcha.
Há prosa.
Há surto.
Formiga bem debaixo do meu queixo a nítida sensação de que há.
presente, presente, presente.
há.
há luta.
o suor atrai porque tem cheiro de amora.
puro disfarce.
convite.
acinte.
teu olho.
meu olho.
há fantasia.
não há luta sem sonho.
no meu não falta alimento.
nem só de alma vive o poeta.
há carne em abundância convidando para a luta.
há delírio.
há prazer.
na luta.
do presente.

Há dias de chumbo
Há dias de glória.
E o suor tem cheiro de amora.
Amora importada que a gente economiza porque é cara.

caras são as palavras.
caro é o meu amor.
amor na luta,
no chumbo,
delírio,
desvio,
à crise há letras.
há metáfora.
há cândida devassa
deliciosamente dialética.
meu olho.teu olho.
há presente.
dentro de mim.


e há a madrugada que antecede um dia de cão.

2/12/09 às 04:38 a.m.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DIVERSA




"Tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

AÇÃO




O uso das diferentes estruturas gramaticais levam a diferentes significados.Na técnica de resultados, o falante é levado a perceber isso, sem que o digam diretamente.
Porém,as formas de dizer acompanham a forma social das inter-relações que são essencialmente mutáveis.
Por isso, a semântica que acompanha a compreensão é diferente em cada indivíduo e pode advir de diversos estímulos.
Minha semântica diz: "sim sou muito legal e tô te dando mole".[perceba que considero a oblíqua (machadiana mesmo)utilização de um vocativo peculiar no discurso um mole considerável]e reconheço, claro, a capacidade intelectual do interlocutor de perceber que isso é um mole bem dado.

Ai, esse contexto.

clichês são por vezes indispensáveis.

AÇÃO!




20/11/09 às 03:42 a.m.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

SULIAN




SULIAN

A veia sobressaía em todo o longo caminho translúcido, pulsando soberana, que aos dedos calejados e finos acenavam imperiosas pelo toque.Envoltos pelo ameno frio ainda sem neve de abril,não era como em Kosovo que o frio corroia os ossos e o que havia dentro deles,a veia guardava a hemorragia dos amantes que por sua vez diluía o eco de uma história,de umas almas,de outras tantas notas,pulsando naquela pele de soneto.Seu desejo em meus ouvidos assim, em vapores de volúpia, o torpor profundo que aqueles dedos causavam não me deixavam dúvidas da conexão ancestral que sempre nos uniu.A convicção de que o depois daquele instante era morte me fazia subvertê-lo ainda mais.Éramos o desvio, o páthos na utopia daquele instante.Jamais saberiam o inteiro teor dessa relação, a marca de seus dedos fossilizada em minha carne guardada até o último dos meus fôlegos, latejava por esse instante que jamais poderia supor que ocorreria novamente nessa vida.As notas que me acompanharam desde sua partida, povoavam a atmosfera forjando sua presença etérea em devaneios abissais.E dessa forma, ia rastejando pela existência mas por medo de parar do que por vontade própria,sem saber se a morte o havia surrupiado de mim.Em Prístina,nossa gente cada vez mais era cercada e torturada, e você tido como morto.Os malditos bradaram sua morte como vitória dos imundos.Desterrada como alma que paira sem sentido, percorri as prisões e hospitais,nossos irmãos contactaram as fontes, mas só acharam pedaços de suas roupas e essa partitura com suas notas.Elas eram a única coisa que alimentava meu espírito de libertação.E eu as repetia compulsivamente ao piano,isolada, descarnada.Não podia mais freqüentar a escola de música,era perigoso para mim.Meu delírio me compelia a tocar, convulsionando-me para que assim ao menos a ilusão de sua presença voltasse a me visitar.Não havia mais dias, nem noites,o tempo foi suspenso para que eu somente tocasse e convivesse nessa dimensão paralela entre nós.Além de qualquer entendimento racional, eu compunha minha ópera que era a nossa transmutação.Até que aquela notícia reteve-me ao mundo real e a constatação de que era você o suposto pianista mudo provocou em mim uma sensação que ultrapassa o sentido humano de percepção, o engasgo de vida recobrou minhas cores e minha vivacidade.Sem pestanejar, fui ao seu encontro.São poucos que podem sentir esse sopro.À viagem no barco clandestino eu me apegava à ópera que havia composto em nosso nome, tinha a impressão que meu espírito ansiava por esse reencontro desde o início das eras.No momento em que te revi na hospital, emudecido e tocando, um pouco mais corado, todo o resto do trajeto se olvidou da memória.Seus olhos inquietos , de grandes cílios me acenando como em código de silêncio foram o bastante para entender todo o resto.Eles jamais saberiam, e o único sopro de vida latejava nesse momento, o depois é farsa e morte.


ISA ALVES 9/11 às 8:10 a.m.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DESCORTINA




..Que canto há de cantar o que perdura?A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:O que tu pensas gozo é tão finito.
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

-----Hilda Hilst-----



Descortina pois o que eu desejo é luz e imaterial.
Descortina e perdura pois o que penso e sinto amor é muito mais.
Descortina e não define o que nasceu para não se limitar
Descortina e não toca porque a carne é perecível e eu quero a alma,amor, entrelaçada dos indescritíveis
Descortina o gozo infinito da palavra personificada
Descortina o sussuro do inconfessável
Descortina o deleite de amante etérea
Descortina a vertigem da presença inebriante
Descortina o profano.
Descortina o não.
Silencia o pecado.
Silencia, pois o gozo da palavra personificada é infinito.
Ardor de amante etérea.
Descortina e exorciza.
Descortina e transmuta.
Descortina e desmembra cada beco do sonho.
Suga-me na alma, arquejando sôfrega sem nunca ser tocada.
Amor inolvidável dos indescritíveis.

Descortina e perdura.


Descortina e seduz.

Aysha San 12/11/09 às 04:03 a.m.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

H E M O R R A G I A


" ..e é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser impessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes."

Clarice.

eu e elas.
e o nosso futuro.

"Nenhuma tinha pernas tão densas e raciocínio tão DEBOCHADO como ela."


H E M O R R A G I A

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

PUTAS PÚRPURAS. SEM NOME


Chico mulato, chapéu enviesado, carapinha lustrosa entornando o batuque do boteco das ladeiras da Lapa
Em meio ao fuzuê malemolente do baile funk das bundas mestiças, vadias, rainhas.

Bamba boêmia solene seguida de café e 'parati' embebedando o choro histérico dos crus.
Nus.
Descalços.
Percalços.
Sambando a opulência devassa
Dos que não têm vergonha nem nunca terão,
Dos que não têm censura nem nunca terão

Subvertendo surdamente a sintaxe dos desvalidos.
Delirantes como são os orgasmos dos que não se fantasiam...

MERETRIZES, celebrando por serem
As PUTAS.

PÚRPURAS gozando do gozo
Da Pudica
Desfaçatez das ladies.

De suas vulvas volúveis ecoam
Os segredos das luvas sedosas
Das Madames de renome.


Putas purpúras de vulvas volúveis.
Sem nome.
Delas são todos os homens
Das Madames de renome.

Deleitantes dos delírios desvairados
Damas da 'imundiça' intumescendo os seus que repousam
Frouxos,

Murchos,

Fartos,

Mortos de cansaço,


Nas vulvas volúveis das putas púrpuras sem nome.

3/09/09 às 04:35 a.m.


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DESMILINGUIDA

Como num romance
O homem de meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando blue

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

Canta Leila Pinheiro.


__________

ávidos cuspindo sem mastigar a carne um do outro.

21/08/09 às 05:02 a.m.

sábado, 6 de junho de 2009

'Amo os ratos, não desamo os gatos'

essa é a minha dura condição.


Amote no meu desamor.
E não sei o que é ser la belle de jour.
o domingo não é meu e a blusa é lilás não é azul.
que o universo se expanda e a negação do meu desamor se converta.
Ratos não me convencem mais.
um levanta poeira arrasta bandeira seria bienvenido.
profusão penitente total
meu estado de espírito gradeado na porta da geladeira.
e uma simples certeza que hoje sou eu que espera por ti.
louco amor, louco amor.
piegas, brega.
louco.
6/6/09 às 4:23

quarta-feira, 3 de junho de 2009

UMA DECLARAÇÃO DE AMOR PÓSTUMA: a minha mais ridícula e sincera

Uma declaração de amor póstuma, a minha mais rídicula e sincera.
Tão ridícula que você nunca irá se supor nela e tão sincera que o excesso de crueza e a vontade de gritar minha lucidez auto -corrosiva percorrerá em segundos toda essa retórica sem que você a alcance.
Saramago me faça justiça , porque minha cegueira foi branca como leite e a consumição produtiva encostada sem eco no canto de um coração que só pedia pra bater, me fez egoísta, pobre e frouxa.
Eu narradora passional pateticamente enfeitava com badulaques e exageros meus sofríveis protagonistas planos e óbvios que morriam no fim da trama sem um suspiro glorioso.
Tudo mentira, tudo falso.Tive tempo de sobra para perceber isso e não, não percebi.
Enquanto remendava fantoches você ali, polimórfico, louco, poeta,introspectivo, solitário,lindo, lindo, lindo, fantástico, me inquiria com olhos argutos.
Você me acenando pelas calçadas boêmio em noites prósperas de boa prosa e história fértil.
Você que certamente acompanharia com conhecimento de causa meu descompasso, meu devaneio.
Você, o próprio devaneio bem talhado ao som de criativa nota musical me oferecendo a melhor breja do melhor boteco aconchegante de Taguatinga.
E eu a fazer remendos tolos e pregar no deserto de água e óleo em noites de solidão oca.
Certamente que se Deus fosse injusto tu brotaria agora na minha frente para aquela caminhada despretensiosa pelas ruas da nossa cidade, ou aquele teatro ou ainda o cinema das entradas que eu ainda tenho e dos telefonemas que eu não dei por pura falta de safanão bem dado.
Brotaria de meia e chinelos e me pegaria pela mão me libertando para soltar a gargalhada que corta a garganta e sangra as cordas impondo silêncio.
A lucidez veio com o último chiclete da caixinha em noite de amante errante.mais um.
Ela convulsionou meu ser em movimento de epifania perante a simples declaração: ele não é mais andarilho solitário.
A engrenagem do tempo enrodilhada e a complexa teia das relações humanas pregou a peça mais bem arquitetada.
No meu monólogo mental ainda vejo o menino de laranja no ICC que passou despercebido com meu consentimento
Estou apaixonada pelas probabilidades que eu amassei antes de ler.
A imparcialidade involuntária das convenções doem como nunca, é a moral da fábula da formiga e da cigarra.


Eu fui a cigarra.






Te amo em cada linha póstuma que escrevi.
Fantástico, imperfeito e surpreendente.
meu pé tá gelado preciso de meias e chinelos.


4/6/09 às 03:15 a.m.

domingo, 31 de maio de 2009

O DESENCONTRO MARCADO


Façamos então o seguinte:
marcamos de nos encontrar,
eu lá,
você no mesmo outro lugar
onde eu nunca a imaginaria estar.
O dia é sábado,
pra você.
Pra mim é domingo.
Combinaremos que me encontrarás às 6, num parque
eu te encontrarei às 4, num bar.
Pense em fazer alguma coisa e minta, me dizendo outra.
Prometa (mesmo que não cumpra) ir de carona
pra não mandar no seu destino.
Eu irei de ônibus,
e prometo pegar o errado.
Escolha seus amigos mais insanos,
eu chamarei os meus puritanos.
Vá com o intuito de conhecer seu príncipe encantado,
eu vou esperando achar alguém que pague a conta.
Eu bebo cachaça, você um suco.
Eu fumo Malboro, você haxixe.
Vá num dia Buarque
eu numa noite Raul.
Se enxergar meu jeito torto ao longe, se esconda,
eu farei o mesmo.
Se tiver assistido O Segredo
não pense em mim,
mas também esqueça de não pensar...
Quem sabe assim
o mesmo acaso
que cruzou gestos de um lado a outro da sala
case os casos,
reúna os risos,
e nos visite mais vezes.
Quem sabe assim te acho.
Me liga pra desmarcar?


Grambó




________________




é, descobri uma das sensações que faltavam no meu repertório: dor de cotovelo platônica e lucidez retardatária e portanto prescrita.


O direito não socorre aos que dormem, posso bem usar com propriedade agora.




URR!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

POIS É...

Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi

Taí
Nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
Disfarçar minha dor eu não consigo
Dizer: somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim

Enfim
Hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto
Pra quem só lhe foi dedicação

Pois é, e então...


Chico.


Então...


5/5/09 às 01:22 a.m.

domingo, 3 de maio de 2009

AINDA HÁ SAL

ainda há sal na minha pele mas o leite derramado é vermelho.




'eu lembro a cara que você fazia será que eu lembro que não existia.'


4/05/09 às 00:53

terça-feira, 21 de abril de 2009

HOJE NÃO

nunca estive tão bem.
nunca estive tão mal.


21/04/09 às 23:18


Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura;
sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias.
O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido.
Ninguém merece tal milagre.
Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados;
o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me.
O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta.
A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou.
Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo.


Jorge Luis Borges

domingo, 22 de março de 2009

ANULAÇÃO


Desejo que minha capacidade de te odiar seja tão intensa quanto a que tive de te cultivar .
Desejo que pensar em você me proporcione uma dor tão cruciante que a exaustão física seja mais forte que meu espírito contraditório.
Desejo ter nojo de ti e o sarcasmo de rir perdoando a forma como te valorei.
Desejo te reencontrar quedado e desprezível sem máscaras.
Desejo que você sinta tanta vergonha de si mesmo que não consiga se encarar no espelho.
Desejo que sua alma sinta o peso do remorso te apunhalando cada vez que lembrar de nós e da forma como nos destruiu e que essa culpa te corroa a ponto de sua maldade não conseguir te sustentar .
Desejo ainda mais, que toda ela se volte contra ti num momento de angústia desses em que travamos uma luta contra nós mesmos e não há ninguém para nos socorrer a não ser nosso próprios fantasmas impiedosos.
Desejo o arrependimento e o desespero diante da certeza do caminho sem volta.
Desejo nunca mais desejar sentir algo tão maléfico por ninguém que cruze meus passos.
Desejo dessa forma anular o que houve de você em mim.
Desejo que chegue o dia que chegará que eu não deseje mais nada porque a indiferença se fará majestade.

________________

não, dessa vez não rompi tratados e nem traí os ritos.
já perdi as contas de quantas vezes pulei jardins e saí correndo sôfrega atrás de uma paixão insana.
mas não fiz isso dessa vez.Acho que não cheguei a adorar essa paixão a ponto de me cortar como já fiz outrora.
A única coisa que me martela ainda foi sua fúria em causar-me feridas impiedoso e destemido.
Sei que há pessoas estúpidas a ponto de querer cultivar rancores desnecessários mas não quis que fosse uma delas.
Refiz o caminho derradeiro e sentei no quintal do seu vizinho, estava viva e radiante de vermelho, minha preferida.
Ainda não te esqueci, isso é notório.Poderia ter cometido o sacrilégio de ligar, não me espantaria.Mas não, não com você.
Eu não me permito.
Por enquanto só me permito te odiar.
Por enquanto.


23/03/09 às 03:19 a.m.


post scriptum:



'sinto' te dizer que na minha quebrada você é o sanguessuga mais vacilão e péla-saco
um 'cinto' é o que tá precisando usar mermo seu merda.
Quer esculachar faz com categoria meu cumpadi.




sábado, 14 de março de 2009

O PIOR ROMANCE

Foi seguramente meu pior romance.Sequer chegou as aias de ser tórrido mesmo nos melhores enquadramentos.
O beijo que dominou o corpo em alguns lances não teve o jogo de cintura para se apoderar de todos os meus sentidos.
Sempre tinha a impressão de tarefa inacabada, diversão incompleta.
Ressequi-me.
As sensações não foram ladinas dessa vez.
Os olhos não flamejaram de desejo além de um tesão comum e totalmente dispensável para mim.
Com você apeguei-me a signos e significados.
Eu te melhorei para melhor se encaixar ao meu enredo duplamente cosmopolita.E segurei a barra pelo beijo.Foi nosso único triunfo.Nosso beijo.
Mas, mesmo assim adaptei o roteiro para lhe confiar o melhor papel.
Apostei alto no seu potencial de me proporcionar coisa memorável.
Dei-lhe liberdade sobrecomum para encenar.
Observei gestos , falas, carícias, dons, manias, charme.
Não deu.
Foi o pior na cama, o pior com as palavras cuspidas cegamente e certeiras,o pior com as carícias, o pior por fenótipo genético mesmo.Enfim, o pior.
E mesmo me cercando dessa certeza, pratiquei contigo meu ritual de autoflagelação na esperança de te guardar em melhor lugar.
Não.você não será melhor do que isso que eu vi.
Até na despedida derradeira habitual você foi o pior.
De um eu capturei a mania de sertanejo, de outro admiro o espírito visionário, aquele lá é meu parceiro de trabalhos, do carioca eu sempre roubo as músicas.
Agora não há nada que eu possa levar de ti.
Parece-me que tudo que houve passou em filme pirata de atacadão.
Você sentenciou ser o pior.
Não se iluda sobre sua auto-suficiência ela é antes, insuficiência.
Eu te dei as chaves antes de você fechar as portas.
E fiz minhas escolhas para o bem e para o mal.
Aysha San 15/03/09 às 03:47 a.m.

quarta-feira, 11 de março de 2009

AINDA NÃO TE CONHECIA

Com um português desleixado, você disse tudo o que algum dia quis dizer para alguém.
Nunca vi tamanha fúria, quase que senti o prazer que teve em cada sílaba equivocada que trocava, impetuoso nas tiradas não hesitou um segundo antes de espezinhar e ferir.Pude te ver salivando como costuma fazer quando está fora de si.
Em alguns minutos, transportou para o seu mundo torpe e sem raiz , lembrança por lembrança, olhar por olhar, toque por toque.
Doeu, não nego, mas lhe dei o direito de dizer tudo o que tinha de ruim guardado entre suas conveniências e aparências.
Esse é seu mundo, esse é você.Agora eu sei.Não sente nada por ninguém só lhe apraz o que é conveniente e oportuno.
No binômio custo-benefício eu não fui aceita.Eu joguei com sensações que viraram sentimentos, você jogou com prazer dispensável em circunstâncias diversas de Salvador.
Me surpreendeu a audácia que teve ao me subestimar e tentar me diminuir perante você e a mim mesma.Com muito pouco tato e maestria ousou me igualar e me distratar.
Admito que fiquei perplexa com o ser abjeto, o animal mal-educado( afinal como você mesmo disse, quem é de Taguá não sabe se portar não é?) grosso e bossal que mostrou que é.
Mais do que as palavras que convicto jorrou em mim, eu imagino a podridão que saiu de você.
Depois do que disse, recordei alguns detalhes que passaram despercebidos e racionalizei a importância dos outros que fizeram a sua imagem para mim.
Espero que tenha se sentido regozijado com o que me disse porque esse momento se sobrepôs a qualquer outro que tenhamos tido.
Pois bem, com a sua mesma convicção inútil, eu lhe retiro do meu verão e da minha Vida.
Que a Vida te mostre o que sempre me mostrou: o que é ter e dar valor a quem mereça.
Ah, só mais uma coisa:

Se eu ainda nutria algum fluído bom por ti isso se findou ontem.

Parabéns pela sua habilidade daninha.
Que pena sinto de ti.


Post Scriptum:

Quem tem boca fala o que quer, só não pode ser mané


Coração de vagabundo bate na sola do pé.

C.B.


12/03/09 às 02:40 a.m.







segunda-feira, 9 de março de 2009

AS MULHERES DA MINHA VIDA


Costumo compartilhar minha vida com elas nos mínimos detalhes.Peço conselho, repito o pedido
mais alguns bocados de vezes, repassamos a mesma história igual quando criança tá aprendendo a ler. Eu sou assim, a pequeneza da verdade que se mostra precisa ser destrinchada para que eu me convença de que elas estão certas e que eu possuo o defeito tão puramente meu de acreditar no melhor das pessoas.Traduzindo:" amiga esse moleque é um otário sem noção não presta e eu te avisei você não entrou inocente nessa história"
"Não amiga ele não é assim não, ele é genuíno ".
Porém, tem certas horas que eu não as escuto e dou vazão ao meu lado extremado. Prefiro assim, choque de realidade. Respeito meus arroubos.Eles vêm com uma intensidade única eu me orgulho deles sempre tão bem arquitetados e metrificados( quando são verbais).
Mas dessas vez não foi preciso, elas venceram.
E sabe por que? Porque até meu lado extremado não se cegou a ponto de não perceber que você realmente fez jus ao passado.
Ponto para as pequenas notáveis.
Porque meu caro, você não soube aprender com elas.
10/03/09 às 02:53 a.m.

sexta-feira, 6 de março de 2009

PAZ


Cada dia e cada evento da Vida eu me cerco mais da certeza que Deus existe Magnífico e Justo e que opera pelas mãos de pessoas iluminadas que nutrem admiração e carinho sincero por mim.
Quero trilhar pela sua luz e por essa paz que o Senhor me trouxe sem eu esperar.

Obrigada Senhor.
Obrigada Brancáá.

puff.cabou.

7/3/09 as 02:53 a.m.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Vestidindo de Morango

eu quero me casar de rasteirinha e vestidinho azul..para combinar com sua blusa amarela e aqueles colares de casca de alguma árvore do cerrado.Na beira da praia com filtro solar capilar para nao estragar suas belas madeixas...tostada do sol com dreads coloridos e tattoos de henna pelo corpo em volta da minha iguana amazônica nas costas...e com cheiro de flor..e só para completar eu roubaria um certo olhar...tudo no fim mistura de cosmos em explosões sinestésicas ..do meu jeito mesmo..

em algum dia de 2006.

lembrei disso e que tinha guardado em algum lugar.

na época do meu vestidinho de morango preferido.~

5/3/09 às 20:37

domingo, 1 de março de 2009

O AMOR É BREGA.

O Amor é Brega


É verdade, o amor é brega
Escovando os dentes de manhã
Na janela
O amor é brega como o pão saindo da padaria
E o vestido mal cortado
Da Paraíba Baby, love is pop, e pop é brega
Vamos viver de amor!
Vamos comer pipoca
O amor é brega
Eu quero um
O amor é brega
Eu quero um
Como é ridículo chorar
Como é possível acreditar
Que o amor é morte
Que o amor é morte
Que a paixão existe no centro do mundo
Que a paixão explode no meio do mundo


Cazuza¬¬


e eu vou te deixar exatamente da maneira que você quer ficar.
sem mais.

porque eu preciso de alimento.


2/3/09 às 1:00 a.m.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Arte de não se poupar


Ter um emprego decente, um bom salário, estudo e um nome respeitado na praça.
É pra quem sonha com seu futuro.
Talvez esse seja meu erro porque nesse ínterim eu não me poupo.
Não me poupo,nunca me poupei e quando estava aprendendo a assim fazê-lo pelo menos aparentemente, você cruza, entrecruza e se finca no meu caminho.
Latente eu sou, disposta também.
Adoro enfeitar e devanear.Agora contigo.
Sabe por que?
Porque o presente é aquilo que passa enquanto planejamos o futuro.Isso foi a amiga de uma irmã que disse.Ela também faz parte do nosso ínterim.
E nesse ínterim eu te descubro e o meu rompante incessante e incansável de protagonizar coisa memorável se acende mais uma vez.
Despertei e não me arrependo.
Não sei até quando nosso ínterim fará sentido mas que se assim não for, que não seja para nós dois.
Hoje eu quero, eu cuido pro querer ser muito bem querer, eu mimo.
São as facetas de menina genuína.só me conheço assim.
Porém agora tentando ser mais centrada e menos aysha.No meio do ínterim há várias outras realidades. E quero que seja mais uma pra temperar essa rotina.
A maturidade acompanha a serenidade.Mas a minha essência é a mesma e pude comprovar que vai ser assim.
Pensando em te matar de amor ou de dor eu te espero calada.(ok nada tão profundo, mas é de efeito e eu gosto)
Por hora , me ame e deixe nosso amor rolar. Se possível não empreste nossa cama a ninguém, isso virá com o tempo. (Se Deus prover bom tempo pro nosso amor ) .
Eu torço.
Adoro seus rompantes.
Não se cuide que eu não me cuido também.
Salute.
25/02/09 às 03:18 a.m.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

GELOSIA

Engraçado como se molda uma aventura...Nada de casinhos pré-determinados. Contei com a conspiração de uma ausência providencial.Ah e também o clima e uma surra de canhoto para canhoto.
A partir desses elementos não havia mais nada a se fazer.Aliás ainda havia, mas o excesso de predisposição a se aventurar e o toque desmedidamente consonante de canhoto para canhoto me desarmou.
O jeito seu que é o meu jeito genuíno, um anel, uma voz,ojos e boca analisada milimetricamente e deliciosamente desbocada foram se firmando no nosso universo.
Daí para frente rendi-me.
Essa rendição salgada colou em nossa pele e fez-se sintonia aprazível e abrasível.
E assim passamos os dias e as noites.Deliciosos dias e noites. deliciosos caldos.
Essa foi a fase da aventura de canhoto para canhoto.
Quisera eu que ainda assim fosse, mas sei exatamente quando ela findou.
Sem gelosia.
Quisera eu continuar sem gelosia e perpetuar nossa aventura da mesma forma e melhor.
Mas agora o cenário e as circunstâncias nos podam e eu não posso ser genuína porque não sei se a sua parte genuína da aventura de fato foi.
De algum modo o bom senso e os erros que não devem ser repetidos alertam.
Preciso construir, com muito custo é verdade, a gelosia da janela. Não há aventura que se perpetue sem gelosia. e tenho dito.e temos dito.
03:21 a.m. 11/02/09

domingo, 11 de janeiro de 2009

DIVERTINDO-SE

Bem no fundo queria escrever outra coisa aqui, me derramar inflamada em espasmos de prazer fiel à minha vontade.
Mas meu prazer não é fiel nem a fonte dele é. Por que eles sempre são tão estreitos e limitados? Sempre colocam tudo à prova em nome da sua virilidade imunda.
Aprendi a demorar um pouco mais de tempo para acreditar nas mentiras que os homens contam.
Nesse meio tempo me divirto com as manobras que eles fazem pra tentar te convencer que você é especial, diferente e única. É uma situação agradável essa do pré-envolvimento.
O problema está depois. Quantas situações deprimentes a gente cria porcausa da leviandade dos homens?Não importa o quanto você é interessante não importa o tamanho da sua bunda nem o perfume que você usa.Ele vai te apunhalar não se iluda.A gente só conta com a dignidade das companheiras de sexo nada mais.
Por isso que eu aconselho que, se possível for permaneça um bom tempo na fase do pré-envolvimento.
E seja sempre seu homem e sua mulher com alguns momentos de diversão.
E não era bem isso que eu queria dizer de você neném.
11/01/09 as 21:21